Celebrado no terceiro sábado de outubro (21/10), o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita busca enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequado para a doença, principalmente durante a gestação. Indicadores do Ministério da Saúde (MS) revelam que foram registrados 79.587 casos de sífilis adquirida no país, em 2022. Em grávidas, foram contabilizadas 31.090 ocorrências.
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. A condição tem cura e ocorre exclusivamente em seres humanos, segundo o MS. A principal via de transmissão é o contato sexual, seguido pela transmissão para o feto durante o período de gestação de uma mãe com sífilis não tratada. O sangue contaminado também é um vetor da doença.
“A sífilis passa por estágios distintos. A fase primária é caracterizada por uma úlcera indolor, chamada de cancro, que surge no local da entrada da bactéria, geralmente nos genitais, ânus e boca. No estágio secundário, que ocorre após semanas ou meses sem tratamento, a doença pode causar lesões de pele, febre, dor de garganta, manchas avermelhadas na pele e outros sintomas”, explica o infectologista e consultor do Sabin Diagnóstico e Saúde, Marcelo Cordeiro.
A condição continua a evoluir para a fase latente, caso não haja tratamento. Neste estágio, a doença não apresenta sinais evidentes, ainda que a bactéria continue agindo. Em alguns casos, a infecção pode chegar até a fase terciária, que pode causar danos graves aos órgãos internos, sistema nervoso e outras partes do corpo. Já a sífilis congênita pode causar complicações para o bebê, incluindo defeitos de nascimento, atraso no desenvolvimento e problemas neurológicos, entre outros.
“O importante é ressaltar que a sífilis é uma doença curável com tratamento adequado à base de antibióticos. Portanto, é fundamental que a doença seja diagnosticada e tratada o mais cedo possível para prevenir complicações e a transmissão para outras pessoas”, destaca o especialista.
Prevenção e diagnóstico
De acordo com o MS, o uso de preservativos sexuais (masculino ou feminino) durante as relações é a maneira mais segura de prevenir a transmissão da doença. Além disso, é indicado o acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais no pré-natal. Já o diagnóstico da sífilis envolve uma combinação de testes laboratoriais e avaliação clínica.
“Há um teste de triagem que detecta a presença de anticorpos produzidos pelo organismo em resposta à infecção pela bactéria. Há, ainda, outros testes que são confirmatórios, utilizados para reafirmar resultados positivos de avaliações de triagem. Em casos específicos, amostras de líquidos corporais, como líquor (ou líquido cefalorraquidiano), podem ser coletadas e testadas”, explica o infectologista.
Os chamados testes treponêmicos são os principais exames confirmatórios, já que podem identificar anticorpos específicos para a bactéria causadora da sífilis (em geral, IgM e IgG) no soro sanguíneo. O exame é considerado simples e também pode ser feito em recém-nascidos.
Além dos testes, segundo Marcelo Cordeiro, os médicos realizam um exame físico detalhado em bebês e crianças para identificar possíveis sinais de sífilis congênita, como lesões cutâneas, alterações ósseas, hepatomegalia (aumento do fígado), entre outros. “Em casos graves, podem ser realizados exames de imagem para avaliar os danos causados pela sífilis congênita, como radiografias ósseas”, afirma.