Professora de Enfermagem da Unijorge alerta para os riscos das receitas caseiras e reforça a importância do atendimento especializado
Fogueiras e fogos fazem parte da cultura dos festejos juninos, mas o uso inadequado pode causar queimaduras graves e acabar com a festa. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, cerca de 70 mil internações por queimaduras são registradas anualmente na rede pública de saúde no Brasil. Esse dado reforça a importância de medidas preventivas durante o período de festas e ao longo de todo o ano.
De acordo com a professora do curso de Enfermagem da Unijorge, Mirthis Pimentel, os tipos de queimaduras mais comuns durante as festas de São João são as queimaduras térmicas, causadas pelo contato com fogueiras, fogos de artifício, fogões improvisados ou panelas quentes, e as queimaduras por explosão, causadas por rojões ou bombas mal manuseadas.
“A maioria dos casos envolve queimaduras de 1º grau, que provocam vermelhidão e dor, ou de 2º grau, caracterizadas pelo surgimento de bolhas, mas há risco de queimaduras mais graves, como as de 3º grau, que atingem grande parte do corpo ou têm maior profundidade e exigem atendimento médico imediato”, afirma.
A especialista destaca os cuidados básicos que devem ser feitos imediatamente após uma queimadura leve. Em casos de queimaduras de 1º grau ou superficiais de 2º grau, é importante resfriar a área afetada com água corrente fria por, no mínimo, 5 a 10 minutos. Pode ser água da torneira, mas nunca gelada ou com gelo. Caso haja formação de bolhas, elas não devem ser rompidas, pois precisam ser avaliadas por um profissional de saúde.
“É fundamental proteger a área com um pano limpo ou gaze úmida e evitar o uso de pomadas caseiras ou qualquer outro produto sem indicação médica. Se necessário, tomar analgésicos para controle de dor”, acrescenta.
A professora também alerta para erros comuns que, além de não ajudar, podem agravar a situação. Em qualquer tipo de queimadura, deve-se evitar aplicar pasta de dente, manteiga, óleo, clara de ovo ou café, pois essas substâncias podem causar infecções. Também não se deve usar gelo diretamente sobre a pele, pois isso pode piorar a lesão. Estourar bolhas é outro erro, que aumenta o risco de infecção. Não se deve cobrir a área com tecidos sujos ou algodão, que podem grudar na pele e dificultar a limpeza posterior.
Quando a queimadura for mais grave, é fundamental buscar atendimento médico imediato. Isso inclui casos em que a queimadura for maior que a palma da mão da pessoa; envolver áreas sensíveis como face, mãos, pés, genitais ou articulações; apresentar bolhas grandes ou pele esbranquiçada ou carbonizada; causar dor intensa ou sinais de infecção, como pus, febre e vermelhidão crescente.
Importante atenção também se ocorrer em crianças pequenas, idosos ou pessoas com doenças crônicas; ou ainda, quando a queimadura for causada por explosão ou houver inalação de fumaça, que pode afetar as vias respiratórias.
“Achar que toda queimadura é simples e negligenciar casos mais graves, deixando de procurar atendimento médico, pode agravar a situação. Mantenha sempre água ou um extintor por perto para emergências. Em casos graves, acione o Samu pelo 192 ou os Bombeiros pelo 193. Em Salvador, o Hospital Geral do Estado (HGE) é a principal referência para o tratamento de queimados”, diz.
Prevenção evita acidentes
A profissional de Enfermagem destaca a importância da prevenção, especialmente no cuidado com crianças, que devem estar sempre sob supervisão e longe de fogueiras e fogos. As pessoas devem se manter afastadas das áreas onde os fogos de artifício são manuseados ou estourados. As fogueiras devem ser acesas em locais abertos, longe de árvores, fios elétricos e materiais inflamáveis, nunca utilizando álcool líquido ou gasolina para facilitar o fogo. É importante comprar apenas fogos certificados e seguir rigorosamente as instruções da embalagem, e evitar que pessoas alcoolizadas manuseiem esses artefatos.